Os materiais de que é constituída a nossa embarcação dizem muito não só da mesma, como também da personalidade de quem as governa. A evolução na construção naval tende a seguir uma orientação mais prática e desportiva nas novas embarcações destinadas à náutica de recreio. A fibra de vidro, nos últimos anos, tem assumido um papel de destaque pela sua leveza, durabilidade e principalmente pela sua facilidade na manutenção. Tirando o caso da osmose, que tendo sido apontado durante muito tempo como fator de “abate” de várias embarcações, começam a existir no mercado soluções eficazes para este problema. As embarcações de metal, maioritariamente em alumínio marítimo, também foram e continuam a ser opção de vários construtores principalmente nas embarcações destinadas à pesca e pequenas lanchas de recreio, sendo também possível encontrar alguns veleiros neste material. Por fim, a madeira, o eterno material clássico, cada vez mais raro de se encontrar como material estruturante, passou a ser utilizado em acabamentos como sinal de luxo e conforto. Por norma são embarcações pesadas (em comparação com as de fibra) e carecem de muita manutenção, no entanto quem não gosta de as contemplar... Virámos costas e abandonámos o clássico, deixámos de produzir embarcações de madeira e ao fazê-lo extinguimos todo um conjunto de conhecimentos passados, ao longo de vários séculos, de geração em geração. A madeira é um material robusto e simultaneamente flexível, adapta-se com muita facilidade às situações adversas do mar, e se for de boa qualidade “verga mas não parte”. Contudo, a verdade é que a madeira, tal como o marinheiro, é um ser vivo e é ela que muitas vezes dá a alma à embarcação.
Ré – Parte do navio que fica para o lado da popa.